
Índice de Ruptura da Neogrid mostra que, além da alta histórica na falta da proteína, preço subiu 10% em março
O Índice de Ruptura da Neogrid, que mede a falta de produtos nas gôndolas dos supermercados brasileiros, voltou a cair no mês de março e atingiu 12,2% na ruptura geral – retração de 0,5 ponto percentual (p.p.) na comparação com fevereiro. Este é o segundo mês consecutivo com tendência de queda após o pico apresentado em janeiro (13,7%). Ao analisar a ruptura por categorias de produto, um dos destaques da lista de março é o ovo, que subiu 2,9 p.p. ante o mês anterior, acompanhado da variação de preço de 10% no mesmo período.
Ruptura das categorias que se destacaram em março de 2025 no Brasil:
- Ovo: de 21,6% para 24,5%;
- Leite: de 12,1% para 13,1%;
- Café: de 11% para 10,9%;
- Arroz: de 8,1% para 7%;
Ovos
A indisponibilidade dos ovos cresceu de 21,6% em fevereiro para 24,5% em março, representando o maior índice dos últimos 12 meses. Esse comportamento segue uma trajetória crescente que vem sendo observada desde janeiro de 2025, quando o índice estava em 19,7%.
Entre as principais causas apontadas pela constante elevação está o aumento da demanda por exportações, principalmente para os Estados Unidos, que vêm sofrendo com surtos de gripe aviária desde o início deste ano. Segundo informações da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), as exportações brasileiras de ovos registraram aumento de 342,2% em março.
“Estamos observando a dificuldade de reposição nas gôndolas e as consequências diretas de uma conjuntura que envolve desde a retração estratégica de produtores até o crescimento acelerado das exportações”, analisa Robson Munhoz, diretor de Relações Corporativas da Neogrid. “A crise nos Estados Unidos criou uma demanda adicional por ovos brasileiros, e esse redirecionamento de oferta, somado ao aumento dos custos de produção, pressiona todo o sistema, especialmente o varejo.”
Variação de preço dos ovos
O preço médio da categoria também sofreu elevações, pesando no bolso do consumidor brasileiro. Os ovos brancos saltaram de R$ 13,31 em fevereiro para R$ 14,72 em março, enquanto o gênero caipira teve um reajuste de 15%, saindo de R$ 14,95 para 17,31 no mesmo período.
Leite
O leite continuou a apresentar oscilação na ruptura em março, aumentando 1 p.p. sobre o mês anterior. Em relação ao preço, todas as categorias analisadas tiveram incremento, com destaque para o tipo integral (R$ 5,48 para R$ 5,59) e o desnatado, (R$ 5,59 para R$ 5,81).
Café
A ruptura de algumas marcas e tipos de café manteve-se estável em março, atingindo 10,9%, o que representa um leve recuo de 0,1 p.p. sobre o mês anterior. Quanto aos preços, o produto continua amargando o bolso dos brasileiros, com a versão em pó passando do valor médio de R$ 67,95 em fevereiro para R$ 71,67 em março. Já a versão em grãos saltou de R$ 114,23 para R$ 120,33 no período.
“Ainda que ocorra uma pequena redução de ruptura neste primeiro trimestre do ano, o índice continua acima do desejado”, explica Munhoz. “O aumento de preço, somado ao consumo culturalmente enraizado do brasileiro pelo produto, tem provocado um efeito duplo: pressão no orçamento do consumidor e antecipação de compras com estocagem em casa. Isso cria picos inesperados de demanda e compromete a previsibilidade do abastecimento nas lojas do varejo.”
Arroz
O arroz atingiu o menor índice de ruptura registrado nos últimos 12 meses, se ajustando para 7% em março – redução de 1,1 p.p. ante fevereiro. No que se refere aos preços, o tipo branco seguiu em queda de 2% (saindo de R$ 6,76 para R$ 6,60 na lista deste mês). Em contrapartida, os tipos integral e parboilizado tiveram aumento de 5% e 0,6%, respectivamente.
O que é ruptura?
Ruptura é um indicador que mostra a porcentagem de produtos em falta em relação ao total de itens de uma loja considerando o catálogo total de produtos. Por exemplo: se um varejo vende 10 marcas de água mineral de 500 ml e uma delas está sem estoque, a ruptura desse produto é de 10%. Calculado com base no mix de cada loja, o índice não considera o histórico de vendas e independe da demanda.
Outro exemplo de ruptura pode ser observado quando o arroz parboilizado deixa de estar disponível no estoque da loja e outros tipos, como o integral, agulhinha ou arbóreo, continuam disponíveis. Em todos os casos, o termo “estoque” considera todo o espaço físico do varejo, incluindo a gôndola e o local de armazenagem para produtos ainda não disponíveis na prateleira.