Efeito das queimadas: varejo brasileiro aumenta estoque de açúcar

Índice de Ruptura da Neogrid mostra que, apesar da estabilidade na ruptura estoque do açúcar cresceu 60% em outubro, comparado com o mês anterior 

Os impactos ambientais das queimadas do último mês de setembro se refletem no varejo brasileiro, principalmente na disponibilidade do açúcar. Apesar da estabilidade da ruptura da categoria, o estoque do item subiu 60% em outubro, se comparado ao mês anterior, de acordo com o Índice de Ruptura da Neogrid, indicador que mede a ausência de produtos nas gôndolas dos supermercados brasileiros.  Como um todo, este é terceiro mês consecutivo de estabilidade na ruptura agrupada, de todas as categorias, com taxa de 12,2%  em outubro. Apesar da manutenção da disponibilidade, produtos como açúcar e cerveja sofreram aumento de preço no período. O açúcar tipo cristal, por exemplo, passou de R$ 4,65 (setembro) para R$ 4,75 (outubro), atingindo o maior valor desde o início do ano. 

“A ruptura geral em linha horizontal é reflexo do comportamento de estoques no varejo, que soube aproveitar a deflação registrada em julho e agosto para ajustar a reposição de mercadorias”, explica Robson Munhoz, diretor de Customer Success da Neogrid. “A tendência é que os varejistas continuem confiantes nas perspectivas de boas vendas no fim de ano, especialmente por conta de eventos como a Black Friday e o Natal, que tradicionalmente impulsionam o consumo.” 

Os itens por categorias que se destacaram neste mês foram: 

  • Cerveja: de 10,2% para 10,7%; 
  • Leite: de 8,4% para 10,1%; 
  • Feijão: de 8,7% para 9,8%; 
  • Açúcar: manteve taxa 8,6%. 

Açúcar 

O açúcar manteve em outubro a sua taxa de ruptura em 8,6% – mesma porcentagem registrada em setembro. O cenário de estabilidade acontece após um pico de indisponibilidade entre julho e agosto, quando os índices chegaram a 11% e 10%, respectivamente. Mas os estoques mostram uma preocupação com possível falta nas prateleiras – de setembro para outubro, o aumento de estoque foi mais de 60%. 

“As mudanças climáticas e as queimadas dos últimos meses impactaram os canaviais, que ainda não recuperaram o ritmo para a safra deste ano. Isso acaba influenciando os varejistas a intensificarem o estoque do produto, temendo sua falta nas prateleiras”, analisa Munhoz. Segundo relatório da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), a produção de açúcar do centro-sul do Brasil somou 1,785 milhão de toneladas na segunda quinzena de outubro – queda de 24,30% na comparação com o mesmo período do ano anterior. 

Já o preço do produto apresentou variações: o açúcar refinado teve leve queda no preço médio por quilo, passando de R$ 5,13 em setembro para R$ 5,11 em outubro. Por outro lado, o açúcar cristal aumentou 2,1%, subindo de R$ 4,65 para R$ 4,75 – o maior preço registrado desde o início de 2024. O viés de alta vem sendo observado desde agosto, com uma variação de 6% no preço do item nesse período. 

Variação de preço do açúcar 

Cerveja 

Na lista deste mês, a cerveja registrou incremento na indisponibilidade para os consumidores brasileiros, passando de 10,2% em setembro para 10,7% em outubro. Em relação ao preço, o produto teve pequena elevação em todas as categorias monitoradas, com destaque para a cerveja escura, com elevação de 1,4% (de R$ 16,99 em setembro para R$ 17,23 em outubro). No acumulado de janeiro a outubro deste ano, o preço da cerveja do tipo claro, a mais consumida no país, teve o maior crescimento entre os diferentes tipos, com 13,8%. 

Variação de preço da cerveja 

Leite 

O leite protagonizou a maior variação de ruptura em outubro, registrando elevação de 1,7% e alcançando 10,1% – contra 8,4% em setembro. Em contrapartida, os preços do produto apresentaram uma leve diminuição nos tipos integral e desnatado. O valor do leite integral caiu de R$ 6,25 em setembro para R$ 6,01 em outubro, ao passo que o do leite desnatado reduziu de R$ 6,14 para R$ 5,99 no mesmo período. No acumulado de 2024 até outubro, o preço do leite integral subiu 19,2%, enquanto o do desnatado registrou aumento de 17,6%

Variação de preço do leite 

 

Feijão

O feijão aumentou 1,1% no índice de ruptura em outubro ante o mês anterior. Em relação aos preços, o feijão-preto teve alta de 2%. Já o feijão-carioca sofreu redução de 2% no mesmo período. 

Variação de preço do feijão 

O que é ruptura 

Ruptura é um indicador que mostra a porcentagem de produtos em falta em relação ao total de itens de uma loja considerando o catálogo total de produtos. Por exemplo: se um varejo vende 10 marcas de água mineral de 500 ml e uma delas está sem estoque, a ruptura desse produto é de 10%. Calculado com base no mix de cada loja, o índice não considera o histórico de vendas e independe da demanda. 

Outro exemplo de ruptura pode ser observado quando o arroz parboilizado deixa de estar disponível no estoque da loja e outros tipos, como o integral, agulhinha ou arbóreo, continuam disponíveis. Em todos os casos, o termo “estoque” considera todo o espaço físico do varejo, incluindo a gôndola e o local de armazenagem para produtos ainda não disponíveis na prateleira. 

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