A indisponibilidade do leite longa vida nas gôndolas dos supermercados no mês de junho atingiu o maior patamar em um ano, e o segundo maior desde janeiro de 2019, de acordo com o índice de ruptura divulgado mensalmente pela Neogrid.
Conforme a empresa, especializada em soluções em inteligência artificial para a cadeia de suprimentos, a ruptura do leite longa vida registrou índice de 19,4% em junho, diante de 18,8% no mês anterior. Outro produto que também registrou alta de ruptura, a segunda maior no ano, foram os ovos de aves – que acabam substituindo a proteína animal, em muitas mesas, face a alta dos preços da carne. A categoria registrou ruptura de 19,4% mês passado; o índice ficou em 17% no mês anterior.
A ruptura geral sofreu ligeira queda em junho, 11%, comparado aos 11,5% de maio. Também as vendas, por unidades, registraram queda e atingiram o menor patamar desde janeiro de 2020. Por questões contratuais, no entanto, a Neogrid não informa dados absolutos.
Para Robson Munhoz, diretor de Customer Success da Neogrid, a redução da ruptura acompanha tanto a queda das vendas no varejo quanto o cenário de avanço da inflação – o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que considera a inflação oficial do país, acelerou para 0,67% em junho, maior taxa de junho desde 2018.
“A ruptura do mês reflete um conjunto de fatores: o aumento de preços; os varejos comprando menos e os estoques cada vez mais baixos; o consumidor com menor poder aquisitivo; as compras em menor quantidade e a procura por itens essenciais, com o cliente tirando do carrinho os itens indulgentes [aqueles com os quais o comprador se presenteia]”, analisa Munhoz.
No caso do leite, produto cujo cenário de ruptura elevada o especialista estima se manter até o final deste trimestre, Munhoz atribui a disparada da ruptura a elementos como estiagem, aumento no custo da ração do gado, aumento do valor do leite no varejo e menor produção, o que afeta o mix de oferta na ponta. “Isso afeta derivados [leite condensado, iogurte, queijos, entre outros], e parte desses itens também são afetados pelo cenário econômico”, afirma.
Gráfico 1 – Ruptura do Leite Longa Vida (UHT)
“O dólar aumentando, a situação ainda de guerra na Ucrânia, a inflação elevada e o aumento nas tarifas de luz causam efeitos em toda a cadeia de abastecimento. A indústria não consegue sustentar aumentos e precisa repassar parte do custo – com supermercados registrando margens muito apertadas e também não conseguindo segurar o reajuste dos valores. Isso afeta o consumidor final — que passa a buscar, cada vez mais, ofertas, novas e mais acessíveis marcas, ao ponto de trocar proteínas mais valiosas por outras, mais baratas”, define Munhoz.
Gráfico 2 – Ruptura de Ovos de Aves
Alimentação mais pobre em proteínas, revela estudo da HORUS
Empresa de inteligência de mercado integrante do ecossistema Neogrid, a HORUS detectou categorias de alimentos e bebidas que apresentaram comportamento de destaque no primeiro semestre de 2022 em comparação ao segundo semestre de 2021. Pelo levantamento, ovos, linguiça e frango tiveram aumento na presença do carrinho de compras (ou seja, incidência), funcionando como substitutos em face do aumento do preço da carne bovina.
“Além disso, biscoitos, snack, salgadinhos e refrigerantes, itens de indulgência, atuam como recompensas em momento de dificuldades e tiveram maior incidência no primeiro semestre de 2022, comparado com o segundo de 2021. Outra possibilidade é que essas categorias, que contemplam produtos de menor desembolso, estejam sendo usadas para saciar fome nas famílias de baixa renda, especialmente de crianças, apesar de baixo poder nutritivo”, observa Luiza Zacharias, diretora da HORUS.
Por outro lado, entre os destaques de redução na incidência ou na média de itens figuraram frutas, legumes e verduras, além de margarina e requeijão – itens que perderam presença na cesta de compras, analisa Luiza, “provavelmente em função do aumento de preços”.
Já o leite UHT, destaque de ruptura em junho, aparece no estudo da HORUS em menor quantidade no primeiro semestre deste ano em comparação com o período anterior: queda de 6,5% na média de itens, mas aumento de 5,9% no preço médio (R$ 4,67) e aumento de 4,6% no ticket médio (R$ 15,87).
Snacks e salgadinhos, por outro lado, registraram aumento de 4,2% na média de itens, diminuição do preço médio em 32,2% e aumento do ticket médio em 9,2%.
SOBRE A NEOGRID (https://neogrid.com)
A Neogrid é uma empresa de tecnologia e inteligência que desenvolve soluções para a gestão da cadeia de consumo. Há 24 anos no mercado, construiu um ecossistema de dados e negócios que conecta varejos, indústrias e distribuidores no Brasil e nos mercados mais competitivos do mundo. Com cases de sucesso em empresas de grande porte, tem como principal objetivo aumentar as vendas e a rentabilidade das empresas.
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