29Com inflação e juros elevados, os chamados itens de indulgência – aqueles com que os consumidores costumam se presentear –, nos supermercados, tendem a perder espaço para os itens essenciais, componentes das cestas básicas. É o que aconteceu no mês de maio com o chocolate, cuja indisponibilidade nas gôndolas disparou concomitantemente à diminuição das vendas e à quase estabilidade no estoque, em relação ao mês anterior.
É o que revela o Índice de Ruptura da Neogrid, empresa especializada em soluções digitais para as cadeias de suprimento, indicador que considera os dados de praticamente 80% das maiores redes supermercadistas do Brasil.
Em maio, a ruptura do chocolate-tábua, a tradicional barra de chocolate, atingiu o patamar de 20,3%, maior indisponibilidade desde maio de 2020, no início da pandemia de covid-19, quando o índice atingiu 17,8%. Em abril passado, a ruptura havia ficado em 11,1%.
Gráfico 1 – Ruptura do chocolate
Também a venda média de unidades registrou o menor volume em três anos (2020 a 2022), mas no mesmo patamar de janeiro passado. Por questões contratuais, a Neogrid não divulga números absolutos de estoque e venda.
Para o Diretor de Customer Success da Neogrid, Robson Munhoz, sob inflação e sob o embate com a indústria para que o custo da produção não seja repassado até as gôndolas, os varejistas vêm trabalhando com estoques cada vez menores e repondo menos os itens de indulgência. Vale lembrar que, em 2022, o IPCA acumula alta de 4,78% e, nos últimos 12 meses, de 11,73%.
“O supermercado abasteceu menos, a prateleira está menos reforçada, e, tirando o efeito Páscoa, quando a ruptura no mês seguinte ao evento de fato sobe um pouco, agora o que vimos é uma diminuição de estoque e de venda – o varejo comprou menos chocolate porque acreditou que venderia menos em virtude do aumento de preço e da dificuldade de dinheiro do consumidor no supermercado”, explica. E completa: “Com menor poder de compra e produtos mais caros, o consumidor não vai praticar indulgência consigo: vai comprar aquilo que é básico”, afirma Munhoz.
De fato, em maio, a HORUS constatou uma retração na incidência de chocolate nos cupons de compra em relação ao mês anterior. Em abril, mês da Páscoa, o chocolate esteve presente em 14% dos carrinhos de compras, enquanto em maio esta proporção caiu para 9,5%, derrubando também o tíquete médio em 43% e o número médio de unidades de 2,7 para 2,1. Nos últimos meses, o preço médio do chocolate aumentou 22,7%, o que também contribui para reduzir o consumo, neste momento de inflação alta e bolso apertado.
Ruptura geral aumenta em relação a abril
A ruptura geral das categorias, em maio, ficou em 11,5% — pouco acima dos 10,8% registrados em abril e também em março. Estoque e venda praticamente não alteraram em relação a abril – mês que registrou o menor estoque desde o começo da pandemia, em 2020.
Gráfico 2 – Ruptura geral | Brasil
“O estoque segue baixo, e o varejista continua se vendo obrigado a negociar com a indústria, que ainda tenta repassar o aumento de preço por conta do aumento de insumos”, destaca o diretor da Neogrid. Com isso, ele explica, “essa negociação vai ficando mais dura e acirrada e competitiva”.
“Isso acaba afetando a cadeia de abastecimento e faz registrar uma pequena curva na ruptura; os itens essenciais chamam mais a atenção do consumidor, que passa a comprar menos itens supérfluos, ou de indulgência, mas, no final das contas, o próprio varejista também se abastece menos deles”.
SOBRE A NEOGRID (https://neogrid.com)
A Neogrid é uma empresa de tecnologia e inteligência que desenvolve soluções para a gestão da cadeia de consumo. Há 24 anos no mercado, construiu um ecossistema de dados e negócios que conecta varejos, indústrias e distribuidores no Brasil e nos mercados mais competitivos do mundo. Com cases de sucesso em empresas de grande porte, tem como principal objetivo aumentar as vendas e a rentabilidade das empresas.
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