Durante anos, ouvimos previsões sobre o fim das lojas tradicionais por conta da supremacia do e-commerce. Novidades como hiperpersonalização e varejo de experiência (foco na experiência, em vez de bens materiais), no entanto, vêm mostrando que o futuro do varejo aponta para outros caminhos.
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Com consumidores cada vez mais senhores dos preços, concorrentes com processos logísticos de vanguarda e novas tecnologias ainda no aguardo de seu melhor uso, como se moldará o setor no futuro?
Confira as tendências para o futuro do varejo
Hoje você vai descobrir o que é esperado dos varejos estratégicos nos próximos anos. Continue a leitura e confira!
1. Blockchain no centro da informação
O blockchain transformou os parâmetros de segurança no setor financeiro. Vinculada inicialmente ao bitcoin, essa tecnologia funciona como uma espécie de livro-caixa descentralizado, que registra todas as transações ligadas às criptomoedas, distribuindo dados que são validados simultaneamente em todos os computadores que participam da rede.
A grande virtude do blockchain é a imensa segurança que o cerca. Como as transações são feitas em bloco (e não uma a uma), hackear uma operação como essa envolveria alterar todos os registros do bloco e, mais, em todos os computadores do planeta (que utilizam técnicas de criptografia de última geração).
Mas como isso impacta o futuro do varejo?
Os entusiastas dessa tecnologia defendem que sua utilidade não se limita aos bancos ou à validação de informações (substituindo os cartórios), podendo se estender a qualquer situação comercial. Seria o caso do uso do blockchain para rastrear a produção, fazendo o caminho da gôndola, arara ou prateleira, para o início do processo de fabricação.
Para isso, bastaria o cliente escanear o QR Code fixado na embalagem/no próprio produto (alimento ou artigos de vestuário, por exemplo) e, então, seriam informados todos os mínimos detalhes do processo produtivo: insumos utilizados, métodos de armazenagem, condições de transporte, entre outras informações relevantes na decisão de compra.
2. Chatbots, os novos representantes comerciais da era digital
Esqueça a limitação cognitiva de alguns chatbots atuais. Com o aprimoramento das tecnologias de machine learning (incrementadas por recursos cada vez mais complexos de redes neurais e computação neuromórfica), estamos nos encaminhando para presenciar o surgimento de verdadeiros “consultores de vendas digitais” ou “robôs-estilistas” em lojas de shoppings ou mesmo nos canais de e-commerce.
Estamos falando de profissionais “virtuais” de altíssima capacidade de raciocínio, capazes de negociar preços, fazer pagamentos, embalar produtos e até sugerir as melhores combinações de peças.
Perceba que esse cenário pouco tem a ver com a concepção que temos hoje de robotização. Esse futuro do varejo em Inteligência Artificial é, na verdade, o resultado dos experimentos ainda embrionários que o mundo faz atualmente com o aprendizado de máquina.
3. Big data para conhecer o máximo sobre os ímpetos de consumo do cliente
O futuro do varejo já chegou a alguns concorrentes, especialmente os internacionais: já existem grandes redes de varejo na Europa, Ásia e Estados Unidos que adotaram, por exemplo, um modelo de chip inteligente em seus produtos.
São sensores que transferem, a um centro de dados, informações valiosas como entrada ou saída na loja (em tempo real), quantidade de clientes que pegaram o produto nas mãos, quantos segundos permaneceram com ele, entre outros “rastros” essenciais para entender o comportamento de consumo.
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4. Experiência focada no consumidor “omnichannel”
Nos últimos anos, o varejo tem sido reinventado em uma velocidade difícil de ser assimilada por quem trabalha no setor. Basta lembrar que, há menos de duas décadas, compra virtual era sinônimo de catálogos de vendedores de porta em porta. Hoje, as compras on-line são o modelo preferido por 74% dos consumidores nacionais.
O brasileiro se tornou omnichannel (está em todos os canais de venda ao mesmo tempo). Mas não é só isso. As novas tecnologias moldaram um novo perfil de consumidor, com alto poder de informação, extremamente exigente e assediado de perto pela concorrência (que está em todos os pontos do mundo, e não somente no perímetro de seu bairro, como antigamente).
Esse novo público “multicanal” impõe participação na criação dos produtos, almeja a uma experiência do cliente personalizada e espera que todo o processo de compra (incluindo a entrega) seja concluído na velocidade de um clique.
Diante dessas transformações, o futuro do varejo se encaminha cada vez mais para o oferecimento de múltiplas experiências sensoriais ao cliente. O consumidor pode experimentar um produto virtualmente (com câmeras integradas a aplicações de realidade virtual, as quais permitem “provar a roupa pelo celular”) ou até mesmo imprimir uma peça de automóvel em uma impressora 3D.
5. Novo padrão logístico “real time”
Qual é o nível do seu desempenho logístico? Como acompanhar varejos mais modernos? Para quem não está tão acostumado com os termos, desempenho logístico é o grau de eficiência com o qual uma empresa contempla as necessidades do cliente, abastecendo-o na hora exata, na quantidade precisa e no local ideal.
Atualmente, a imensa quantidade de parceiros envolvidos na cadeia de abastecimento explica muitos insucessos no setor. No varejo supermercadista, por exemplo, o aparecimento de um item na gôndola é fruto do esforço do:
- departamento de estoque — identifica que um produto bateu o limite do Estoque de Segurança;
- área de supply — faz as cotações, escolhe o fornecedor e formaliza a ordem de compra;
- fornecedor — fatura o pedido, separa o produto e harmoniza a remessa dentro do seu fluxo de entregas;
- transportadora — elabora a roteirização e promove a distribuição;
- almoxarifado/estoque — confere e dá recebimento às mercadorias, catalogando-as em seguida para posterior armazenamento.
Se o produto é crítico, sua reposição precisa ser quase imediata. Mas como ser simultâneo em meio a essa cascata burocrática?
As tecnologias físicas, biológicas e digitais, aliadas a novos métodos de organização da cadeia logística, já estão redesenhando todo o processo acima.
Com as tendência do varejo ligadas à hiperconexão absoluta entre todos os membros da cadeia de suprimentos, sistemas automatizados passam a fazer integralmente o controle dos estoques nas empresas, com emissão de pedidos automáticos e alertas emitidos em tempo real ao supplier. Com isso, são disparados, de forma autônoma, processos como faturamento e separação.
Além dos sensores, a própria mudança na engenharia dos centros de distribuição colabora para a aceleração exponencial de todo esse ciclo. Saem os imensos CDs, localizados no entroncamento de rodovias, e entram os minidepósitos pulverizados em múltiplos pontos das áreas urbanas.
Por fim, com a proximidade entre depósito e varejista, entram em cena os drones como substitutos das transportadoras. Dentro de toda essa transformação, que envolve Big Data, Internet das Coisas (IoT), drones e armazenagem “celular” estratégica, um ciclo que chega hoje a 15 dias pode ser concluído no mesmo dia. Esse é o futuro do varejo em provisão de mercadorias.
6. Hiperpersonalização
Consequência das demandas do consumidor omnichannel. Com a disseminação de aplicações em realidade virtual/aumentada, impressoras 3D e drones, torna-se possível trabalhar praticamente sob demanda (mesmo no caso das grandes redes de varejo), entregando a cada cliente um produto verdadeiramente único, personalizado e moldado por ele mesmo no momento do pedido.
7. Sincronização automática da cadeia de suprimentos
O que é futuro do varejo para alguns, é “presente” para outros. Estamos falando das muitas empresas que já perceberam que previsão de demanda é inevitavelmente fadada ao desperdício de insumos e dinheiro.
Não faz mais sentido perder tempo com cálculos como Ponto de Pedido ou Lote Mínimo de Compra, se a tecnologia atual já permite reposição de estoques com base no consumo real.
Por melhor que sejam os recursos estatísticos, não dá para acreditar que o desempenho passado pode ser “colado” milimetricamente em seu cenário futuro. É por esse equívoco que muitas organizações perdem dinheiro com estoque parado ou desabastecimentos inesperados.
No varejo 2020, já existem soluções baseadas em Inteligência Artificial que coletam informações de centenas de varejos e distribuidores em uma só rede, sincronizando e automatizando indústrias, distribuidores, operadores logísticos, varejos, instituições financeiras e governo, tudo em um só ritmo.
Trata-se de soluções ponta a ponta para cadeia de suprimentos, as quais permitem, com base em dados, que o estoque seja “puxado” pelo consumo real. Esse é o futuro do varejo, que já encontra exemplos em nosso presente.
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