O modelo de sell-out na cadeia de suprimentos (supply chain) não contribui somente para uma melhor performance do varejo e da indústria como também colabora para diminuir o impacto no meio ambiente, tornando a empresa mais sustentável. E isso é bem importante, porque um dos maiores desafios do século está justamente em reduzir o desperdício. O alerta vem da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). No cálculo da entidade, anualmente, 1,3 bilhão de toneladas de alimentos são desperdiçados no mundo, sendo 22% desse total durante o manuseio e armazenamento e 17% entre distribuição e loja.
Parte desse resultado se deve a uma maneira ainda errada de medir o desempenho dos elos da cadeia de suprimentos, que avalia sua performance pelo sell-in, ou seja, pela venda da indústria para o varejo. Para exemplificar como isso ocorre, veja este exemplo: imagine só um distribuidor de pão de forma que repassa para o estoque do varejo uma quantidade de itens maior do que a demanda de consumo na gôndola. Passada a data de validade dos produtos, além do desperdício de alimento, o impacto ao meio ambiente também estará presente no descarte das embalagens, transporte desse resíduo e assim por diante.
Agora, multiplique essa situação descrita no contexto de uma rede de supermercados por centenas de lojas e dezenas de milhares de produtos. Por isso, orientar-se somente pela reposição de itens traz uma perspectiva errada, que leva ao excesso de estoque ou a falta dele. Até porque, se não houver venda direta ao cliente final, o impacto no meio ambiente será uma consequência, como listam os motivos abaixo:
- Estoque inchado: as chances de armazenar produtos de forma inadequada aumentam quando há excesso de itens no estoque. Isso pode impactar na qualidade do produto ou mesmo expô-lo a riscos de perdas, em caso de acidente ou incêndio;
- Prazo de validade: o excesso de produtos perecíveis no estoque pode resultar no vencimento do prazo de validade, o que gerará descarte do produto (além do insumo em si, deve ser considerada a eliminação da embalagem e outras etapas que ocorrem para descartar o resíduo);
- Devolução de produtos: se o item não for perecível, o transtorno de transportá-lo novamente a outro ponto deve ser considerado. O principal modal utilizado para esse fim é o rodoviário, sendo o caminhão um dos veículos que mais poluem a atmosfera.
O modelo por sell-out, como menciona outro post publicado aqui no blog, traz vantagens que geram impactos claros para a sustentabilidade.
- Planejamento mais assertivo: ao invés de a reposição de estoque ser feita por um modo predeterminado, empurrando os itens para o estoque do varejo, o modelo de sell-out alinha os indicadores de desempenho entre os elos da cadeia a partir do comportamento na gôndola. O que torna essa etapa mais transparente e assertiva;
- Estoque na medida certa: ao abastecer o varejo com os produtos observando as vendas efetivas para o cliente final, é possível manter no estoque a quantidade exata de itens para atender a demanda. Isso evita as oscilações em faltas e excessos no armazenamento;
- Avaliação do período de sazonalidade: para prever futuras reposições de estoque, o modelo por sell-out possibilita o registro no sistema de ocorrências que possam levar a uma maior procura de determinado item. Por exemplo: se o inverno for mais quente e seco do que o costume, a loja pode vender mais aparelhos de ar-condicionado e umidificador do que o previsto. Ao anotar essa ocorrência, uma solução especializada em supply chain contribui para perceber a sazonalidade de modo facilitado, como mencionado no post Como a tecnologia contribui para a orientação da cadeia de suprimentos pelo sell-out.
Alinhar essas questões ambientais à gestão estratégica não somente ajudará o planeta, mas também irá aumentar a competitividade da sua empresa, trazendo maior eficiência operacional e, por consequência, melhorando a rentabilidade. Até o próximo post!