O sucesso da indústria depende diretamente da capacidade de se adequar às novas demandas do mercado. Nesse sentido, o varejo de vizinhança é um conceito que vem crescendo em importância e, consequentemente, deve ser acompanhado de perto. Afinal, é no contato direto com o consumidor que são mais evidentes as oportunidades e as tendências para o futuro.
Para compreender a importância disso, basta olhar para o cenário brasileiro. Uma pesquisa da Associação Paulista de Supermercados (APAS) mostra, por exemplo, que 22% das pessoas entrevistadas preferem fazer suas compras em pequenos mercados do bairro onde moram.
Lojas como Carrefour, Wallmart e o Grupo Pão de Açúcar, por exemplo, ampliaram o número de lojas em formato compacto. Mas, afinal, o que a indústria deve saber sobre essa movimentação para aproveitar as oportunidades?
Neste artigo você vai entender melhor o conceito de varejo de vizinhança, quais são as suas características e de que forma essa nova tendência vem moldando o mercado. Confira!
Varejo de vizinhança: uma aproximação necessária
O varejo deixou de ser configurado simplesmente por grandes centros de oferta de produtos variados. Hoje, as pessoas querem mais que preço baixo e boa qualidade: o cliente quer uma boa experiência de compra, do início ao fim. E isso significa, na prática, rapidez, proximidade e comodidade.
O que o varejo de vizinhança oferece?
Espaços menores são mais humanizados, intimistas, promovendo uma valorização da experiência de compra. Em lojas menores, próximas de casa, até o atendente do caixa sabe o nome do cliente. Isso resulta em uma ampla preferência por esse tipo de ambiente, mesmo considerando que o consumidor paga em média 3% a mais na compra.
Alguns elementos essenciais do varejo de vizinhança são a proximidade, a praticidade e a conveniência. Em outras palavras, é perceptível que o nível de competitividade do mercado aumentou a qualidade dos serviços e, com isso, a comodidade e a experiência do consumidor se tornaram um diferencial competitivo enorme.
Um movimento orgânico do mercado
Interessante verificar que, por meio do varejo de vizinhança, o mercado retorna à sua abordagem inicial. Com a ascensão da produção em série, pequenos negócios abriram passagem para supermercados e atacadistas, graças aos menores preços e à ampla variedade de produtos.
Agora, o movimento é o oposto, ainda que de forma alguma signifique o fim dos grandes varejos. O natural é que, de forma orgânica, eles se equilibrem: as grandes lojas atendam às demandas de grandes volumes e as menores ofereçam uma experiência mais intimista para o dia a dia.
Para entender os detalhes dessa configuração do novo modelo, detalhamos abaixo as principais características do varejo de vizinhança.
Localização
O local de um ponto de venda (PDV) se tornou fator essencial para o varejo de vizinhança. Em geral, são escolhidos bairros de população relativamente grande. Os clientes esperam que o estabelecimento ofereça, por exemplo, estacionamento de fácil acesso, já que a necessidade de compra pode não ter hora padronizada. Entretanto, é fundamental garantir que a localização permita um acesso facilitado para as distribuidoras que fazem o abastecimento.
Ao contrário dos supermercados tradicionais, o varejo de vizinhança se coloca como opção para qualquer momento. Não é esperado que o cliente se planeje com dias de antecedência. Cidades litorâneas, por exemplo, também são propícias a esse modelo.
A ida ao PDV ocorre quando surge uma necessidade ou mesmo quando a pessoa está de passagem, graças à oferta de produtos alimentícios e o atendimento rápido. Esse segundo fator representa outra característica marcante do varejo de vizinhança.
Mix de produtos
A limitação física também traz consigo a necessidade de planejamento do mix de produtos oferecidos. Em geral, o varejo de vizinhança opera em uma margem entre dois mil e quatro mil itens. A composição das prateleiras, no entanto, deve atender às demandas específicas do seu público-alvo.
Regiões de classe média alta e polos universitários, por exemplo, costumam ter boa procura por alimentos orgânicos. Buscando atender a essas demandas, o varejo opera com pesquisas de geomarketing para elencar as demandas daquele perfil de cliente.
Conhecendo melhor seus clientes, o varejista alinha com seus fornecedores a melhor estratégia de abastecimento. Um ponto relevante, por exemplo, é o sortimento em períodos específicos. Algumas lojas oferecem kits de churrasco às sextas-feiras e aos finais de semana, enquanto focam mais em hortifrúti e rotisseria nos outros dias.
Tele-entrega
Uma opção eficiente para facilitar a compra é a tele-entrega, um dos diferenciais que vem ganhando espaço no setor. Por se tratar de um negócio menor, é possível realizar o atendimento até mesmo por telefone. Contudo, alguns PDVs adotam soluções automatizadas de atendimento online para dar ainda mais comodidade ao cliente.
Autoatendimento
A automação do atendimento em supermercados tem tudo para dar ainda mais certo no varejo de vizinhança. Grosso modo, são instalados caixas automáticos de self-checkout, nos quais o próprio cliente passa os produtos um a um e realiza o pagamento com cartão.
Em geral, são adotadas etiquetas eletrônicas para facilitar a identificação dos produtos e, consequentemente, a passagem no leitor.
Lojas 24h
O atendimento noturno tem voltado com mais força por meio do varejo de vizinhança. Principalmente em regiões mais populosas e com muitos edifícios, é comum haver uma boa demanda por lojas que atendam além das 22h. Nesse modelo, há um espaço ainda maior para o trabalho com perecíveis e alimentos prontos em geral.
Todas essas características tendem a transformar o relacionamento do varejo com o consumidor, aproximando ainda mais os vendedores da demanda diária da população. Consequentemente, a indústria deve estar pronta para atender a padrões personalizados de consumo.
A produção para entregas mais frequentes é um bom exemplo disso, já que esse tipo de estabelecimento não conta com estoques tão grandes. Isso significa que deve haver um bom alinhamento entre o ritmo da produção e a estratégia de reposição. Logo, a gestão da cadeia de suprimentos deve estar atenta e monitorar continuamente o desempenho no PDV.
Como você pôde ver, o varejo de vizinhança vem crescendo no mercado brasileiro. Esse ganho de espaço não pode ser ignorado, pois traz consigo impactos também para a indústria. Fique atento às novidades no setor e leve essa discussão para sua empresa, pois novas oportunidades estão surgindo!
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