A tecnologia vem ganhando cada vez mais força na indústria fashion. Com a transformação digital e a crescente integração de soluções para otimizar processos, é natural que diversos setores passem por revoluções intensas. Nesse sentido, a Indústria 4.0 chegou com tudo ao mercado da moda.
Deparar-se com um modelo de roupa em um desfile e encontrá-lo à disposição para comprar no dia seguinte já é uma realidade possível. O empresariado, por sua vez, está de olho nessas oportunidades que a inovação tecnológica cria. No entanto, algumas dúvidas também permeiam o assunto.
Afinal, qual é exatamente o conceito de Indústria 4.0? De que forma ele está mudando o mercado da moda? Vale mesmo a pena investir nisso? O que podemos esperar em curto e longo prazo?
Este artigo vai esclarecer de vez o assunto, ajudando você a se situar nesse momento de intensas transformações. Confira!
A tecnologia na era da Indústria 4.0
O conceito de Indústria 4.0 faz referência à quarta grande revolução pela qual o mercado está passando. Do surgimento das tecnologias a vapor e da produção em massa, passando pelo domínio da energia elétrica, até a automação e entrada dos computadores nas empresas, dois séculos se passaram.
Agora, com ainda mais força, um novo momento de integração tecnológica vem tomando forma. A Indústria 4.0 engloba as principais inovações em torno de técnicas de automação controle e TI aplicadas aos processos de manufatura.
A Internet das Coisas (IoT), a Inteligência Artificial (IA), o Machine Learning e o Big Data se destacam entre as ferramentas de maior potencial para esse novo modelo de negócio. São meios de, entre outras aplicações, integrar sistemas, coletar dados e transformá-los em informação inteligível para tomadas de decisão mais eficientes.
Nesse sentido, o potencial disruptivo da Indústria 4.0 é enorme, pois a tecnologia permite romper com padrões muito bem estabelecidos de como produzir. O mercado da moda, com seu alcance mundial, não é exceção.
As grandes inovações na indústria fashion
O design está entre os processos mais impactados pela Indústria 4.0. Com o auxílio da robótica e da automação de atividades de confecção, passou a ser possível automatizar o maquinário a um nível altíssimo. Uma fábrica já pode adotar, por exemplo, medidas 3D e processamento de imagem para identificar padrões mais eficientes para a costura.
A modelagem e a simulação da manufatura também vêm ganhando força. Com ferramentas de realidade virtual, por exemplo, é possível otimizar a produção de forma a atender demandas específicas com rapidez (just in time). Logo, a manufatura personalizada ganha ainda mais espaço na fabricação têxtil.
Outra aplicação interessante é o envolvimento do consumidor no processo de criação de produtos. Em uma plataforma online, o cliente pode elaborar simulações de modelos personalizados e submetê-los para a produção. A diferença para um pedido customizado tradicional é que isso pode ser feito pela internet e o tempo de fabricação é bem menor.
O conceito está sendo chamado de Manufatura Social e envolve fabricantes, consumidores, fornecedores, designers etc. E isso é só o começo.
Novas aplicações
Duas grandes inovações da indústria fashion são as tecnologias sustentáveis e as Smart Clothes (Roupas Inteligentes). No primeiro caso, o uso de tecidos recicláveis é gerenciado por meio de sistemas de mensuração de impactos ambientais. O descarte é reduzido e o reaproveitamento de materiais sobressalentes (spare parts) é bem maior, gerando uma interessante redução de custos.
Já as Smart Clothes envolvem o que há de mais atrativo em tecnologia de uso individual. Grosso modo, são inseridos nas roupas uma série de sensores térmicos, químicos e biológicos, por exemplo, para coleta de dados relacionados à interação da roupa com o corpo e o ambiente.
Isso gera um tipo de conhecimento importante para o desenvolvimento de novas linhas de roupa. O mercado de moda esportiva, por exemplo, tem amplo interesse nesse tipo de pesquisa.
A impressão 3D, por sua vez, merece um destaque à parte. Com a entrada dessa tecnologia no mercado, iniciativas na indústria fashion mostram que é possível produzir sob demanda modelos sem costura, com dimensões precisas.
Automatização que ultrapassa a indústria
A Indústria 4.0 tende a tornar mais orgânica a relação entre as etapas de produção, gerando um modelo de fábrica inteligente (Smart Manufacturing). O paradigma consiste no uso da tecnologia automatizada para auxiliar no controle das etapas de produção, tendo alcance sobre toda a cadeia de suprimentos (supply chain).
Como consequência, diversos agentes (players) do mercado fashion devem trabalhar de forma mais alinhada. Tudo que está ao redor das linhas de produção (fornecedores, clientes, varejistas, distribuidores etc.) está conectado pelo ambiente digital.
Produzir de acordo com a demanda
Aliado à capacidade que as máquinas oferecem para a indústria, ainda há a possibilidade de toda a produção ser ainda mais assertiva ao trabalhar de acordo com a demanda. Isso porque existem tecnologias que pegam dados de vendas e estoques nas lojas e dizem para as empresas o quanto ela deve reabastecer e para onde deve levar esses produtos. Tudo isso com uso de inteligência artificial e machine learning.
Isso gera alguns desafios e, é claro, oportunidades.
Os desafios e as tendências para o futuro
O trabalho colaborativo pode ser um desafio. Porém, a Indústria 4.0 tem um impacto duplo nessa relação: por um lado, ela traz a necessidade da integração como necessária, algo a ser feito o quanto antes; de outro, ela fornece soluções tecnológicas para lidar com isso.
Cada empresa tem suas particularidades, sua cultura operacional. Assim, a cooperação nem sempre é tão fácil. Entretanto, com soluções digitais que aproximam esses agentes em torno de objetivos em comum, as coisas tendem a ficar mais fáceis.
Uma solução de gestão digital, por exemplo, dá ao fabricante uma visão mais clara sobre a os dados de sell out e a demanda do varejista, permitindo que ele fabrique no momento certo, na quantidade certa.
Nesse sentido, as perspectivas para a indústria fashion são bastante positivas. Entre as principais tendências podemos observar a minifábrica. Trata-se de um modelo de manufatura capaz de produzir roupas em até meia hora. Totalmente automatizada e integrada, a minifábrica é uma instalação verticalizada, flexível, modular e, é claro, de pequenas dimensões.
Apesar do tamanho, ela é capaz de executar processos de ordens de serviço, design, modelagem, tingimento (inclusive dupla face), corte óptico, etiquetagem, costura, acabamento etc. As oportunidades para pequenos empreendedores são gigantescas.
São mudanças que já podem ser observadas na indústria fashion e tendem a ganhar cada vez mais espaço. Por isso, não há tempo a perder. Adote uma cultura inovadora na sua empresa e coloque a organização no caminho da Indústria 4.0. As fábricas inteligentes se tornaram rapidamente um padrão a ser seguido.Se quer saber mais sobre o assunto, veja também nosso artigo sobre os desafios na distribuição de estoque no setor fashion!