Provocar mudanças é cada vez mais frequente e necessário para manter o sucesso e a prosperidade nas organizações que fazem negócios na cadeia de suprimentos.
Combater fatores como crescimento da participação de concorrentes, infidelidade de clientes às marcas e lojas são alguns exemplos que ilustram esse cenário. Além disto, os parceiros de negócios na cadeia estão constantemente aumentando a complexidade de suas operações, com necessidade de gerenciamento de novas linhas de produto e dificuldade em gerir as flutuações da demanda.
Qual é então o limite para provocar mudanças saudáveis? Será que a sobreposição de manobras não pode prejudicar o resultado?
Primeiramente, para avaliar o sucesso de uma mudança, precisa ser considerado se houve tempo suficiente para que as mudanças de fato, demonstrem o efeito desejado.
Na cadeia de suprimentos, os varejos procuram diversificar o mix de produtos e minimizar o risco de ruptura, enquanto os fornecedores estabelecem critérios rígidos para pedidos, com condições de atendimento variando por produto.
Distribuidores enfrentam a mesma situação, porém ainda agravada com as condições de exclusividade de fornecimento, o que limita sua capacidade de substituir um produto em ruptura por outro similar. Assim, mostra-se latente o conflito de interesses de diversos atores na cadeia de suprimentos.
São nestas ocasiões que a alta gestão do Varejo e Distribuidor promove medidas estruturais que mexem no formato de relacionamento com a Indústria, por meio da estruturação de processos de suprimento para incorporar diversas variáveis que podem afetar as operações. Configura-se de fato um Planejamento de Distribuição e Reposição, conhecido no mercado sob o nome DRP – Distribution Requirements Planning, que gerencia os estoques da cadeia interna de indústrias e varejos com foco no aumento do giro e redução de rupturas, levando em conta o real consumo.
Com a implantação bem sucedida de um DRP, é comum encontrar depoimentos que contém a afirmação “é necessário o tempo para que as mudanças sejam efetivas”. Não basta promover revoluções no processo de automatização dos pedidos de compra e transferências se o fornecedor não reconhecer corretamente os efeitos desta mudança.
Em muitos casos, o efeito inicial é o contrário. Se o processo de DRP, em uma linha de produto, provoca imediatamente um aumento do fluxo de pedidos, a leitura da indústria pode ser o que é chamado de “Efeito Chicote”, o qual artificialmente cria a sensação de aumento da demanda de consumidores quando a real mudança é exatamente a frequência de pedidos. Neste caso, toda a cadeia de suprimentos é prejudicada.
Do lado do Varejo e do Distribuidor, seus indicadores de abastecimento também reagem com a mesma velocidade da cadeia de suprimentos. Dificilmente os indicadores de ruptura apresentarão reação imediatamente após a implantação do DRP e a geração da primeira rodada de pedidos de compras. É necessário que esta rodada de pedidos seja atendida pelos fornecedores e os produtos estejam disponíveis no ponto de venda.
No processo de implantação é prudente que sejam estabelecidos critérios para teste deste novo processo (Ex: Uso de um “piloto”) e que seja definido um período de mensuração adequado, considerando tempo de latência necessário para aferir os resultados após a reação de todos os players envolvidos. Desta forma é possível o gerenciamento efetivo das expectativas dos stakeholders e estabelece-se um formato justo de medição dos resultados.
A implantação de DRP traz eficiência as operações e muitos outros beneficios. Ao estabelecer e revisar políticas de estoque e abastecimento e automatizar tarefas de análise de pedidos, um valioso tempo dos analistas de compras é aberto para estreitar o relacionamento com os fornecedores, de forma a promover melhores condições comerciais e de entrega, trazendo benefícios para a própria operação.
Seja um agente de mudanças na sua empresa! Promova mudanças pontuais, crie critérios para medir o efeito destas mudanças, meça no momento certo, verifique as oportunidades de melhoria e busque novas melhorias. Sua empresa só tem a ganhar!