“Diga-me como me medes e eu te direi como me comportarei”

“Diga-me como me medes e eu te direi como me comportarei”, a adaptação de Eliyahu M. Goldratt da famosa frase “Diga-me com quem andas e eu te direi quem és” serve como uma ótima reflexão para qualquer sistema de abastecimento ou área.

Quando se define um indicador para avaliar uma área deve-se analisar qual impacto, positivo e/ou negativo, que ele pode ter em outras áreas ou elos da cadeia. Indicadores locais podem ser muito prejudiciais quando analisamos o cenário global.

Por exemplo, um indicador que avalia a área de logística e determina que quanto maior o preenchimento das carretas melhor será a avaliação da área. Esse indicador pode fazer com que todas as carretas da empresa saíam com 100% da capacidade, reduzindo custos de transporte. Mas qual o custo para o elo seguinte da cadeia que não recebeu produtos por um atraso na formação de cargas? Ou mesmo, compensaria o custo de excesso de estoques à jusante a colocação de uma quantidade adicional de carga para completar a carreta?

Mesmo métricas aceitas internacionalmente podem ser perigosas como avaliações do sistema de abastecimento. O OTIF (On Time in Full), por exemplo, indica a porcentagem de produtos que estão sendo entregues no prazo correto, sem faltas e corretamente. Pode-se ter um OTIF de 100% e mesmo assim super estocar alguns clientes e ter ruptura em outros, devido a erros na previsão de vendas.

Não importa que o erro tenha vindo da previsão de vendas, é preciso ter em mente sempre a premissa, “Enquanto o consumidor final não comprar, ninguém vendeu”. Vendas perdidas podem significar, além de redução nos lucros, uma perda de market share para o fornecedor. Já um estoque muito alto pode causar, por exemplo, devoluções de produtos de moda ou descarte de produtos perecíveis.

Então qual seria a melhor forma de avaliar um sistema de abastecimento?

Uma boa resposta para esta perguntando é: Olhar para o elo seguinte.

Uma excelente forma de avaliarmos o elo seguinte em um sistema de abastecimento são os indicadores de IVD (Inventory Value Day) e TVD (Throughput Value Day) para avaliação do fornecedor.

O IVD faz uma análise do custo do excesso de estoque do cliente, um produto com um IVD alto indica que o valor investido no produto poderia ser destinado a outros investimentos que estariam trazendo rentabilidade ao cliente sem implicar em riscos de perda de vendas. Por ser um indicador acumulativo podemos ter uma idéia de quais produtos têm tido maior impacto ao longo do tempo. Já o TVD faz uma análise do risco de perda de venda, um produto com TVD alto indica que ele está abaixo do Estoque de Segurança determinado e que existe uma necessidade de reposição por parte do fornecedor.

A proposta de se avaliar um sistema de abastecimento pelo elo seguinte requer maturidade e comprometimento entre as duas pontas do elo. Projetos de Integração entre empresas como o VMI (Vendor Managed Inventory) e o CPFR (Collaborative Planning, Forecasting and Replenishment) são fundamentais para permitir esse tipo de avaliação e direcionar o comportamento do sistema para um ótimo global.

Um único indicador não pode ser assumido como verdade absoluta para avaliar a qualidade de um sistema. O ideal é uma combinação de indicadores, mas todos eles com visão de ganho global, e não apenas local. Além disso, a leitura dos dados dos indicadores deve ser feita tendo em vista o contexto de como funciona e como está o mercado para aquele produto (sazonalidade de vendas, sazonalidade de oferta, capacidade de produção, frescor, entre outros).

A utilização de métricas globais é fundamental para que um fornecedor melhore o desempenho de atendimento dos clientes. Dentre as métricas globais, as que podem apontar melhor o desempenho deste fornecedor são as de avaliação dos níveis de estoque do elo seguinte da cadeia. Estas métricas passam a ser um norte para determinar o comportamento dos sistemas e apoio a tomada de decisão dos analistas.

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